Semelhanças entre a Igreja Sirian Ortodoxa e a Igreja Católica Romana

07/03/2011 19:06

Semelhanças entre a Igreja Sirian Ortodoxa e a Igreja Católica Romana

Padre Celso (Sírio-Ortodoxo) e Padre Álvaro (Romano)
(Celebração Ecumênica: unidade dos Cristãos)
Similarities between the Syrian Orthodox Church and the Roman Catholic Church


Antes de qualquer preocupação com as coisas que possam separar católicos-ortodoxos e católicos- romanos, melhor será buscar os pontos que lhes sejam comuns e possam contribuir para uma melhor convivência entre uns e outros. Procurar o que une sempre é melhor do que acentuar o que separa. Afinal, é por isso que a igreja é UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA.

1. Os católicos ortodoxos e os católicos romanos aceitam os Concílios Ecumênicos como definidores doutrinários em matéria de fé e de moral. Assim, as Igrejas Orientais Antigas aceitam os três primeiros Concílios, nos quais atuaram; as Igrejas Bizantinas aceitam oito em que tiveram participação e a Igreja Latina (Romana) aceita 21 concílios de que fizeram parte. Mas os três primeiros Concílios, que definiram o Credo como base da fé cristã, são aceitos integralmente pelos três grupos.

2. Ambas as Igrejas aceitam as Escrituras e a Tradição como fontes de revelação cristã. As doutrinas aceitas pelas duas Igrejas se baseiam sempre numa ou noutra fonte.

3. Para consagração do pão e do vinho, durante a Divina Liturgia (Missa), ambas as Igrejas exigem dois procedimentos: a narrativa evangélica e a invocação do Espírito Santo. Uma coisa pode acontecer antes ou depois da outra.

4. As duas Igrejas admitem que a infalibilidade é prerrogativa da Hierarquia Eclesial, reunida em Concílio Ecumênico. Na Igreja Latina, contudo, em casos específicos e apenas sob rígidas condições, esse privilégio é estendido ao Papa.

5. As duas Igrejas entendem que o Bispo de Roma goza de primazia dentre os demais Bispos. Ele é o primeiro, conforme a tradição cristã, entre os iguais. Administrativamente, entretanto, ele restringe sua atuação apenas sobre sua comunidade eclesial.

6. As duas Igrejas consideram Maria como Mãe de Deus e atribuem à Virgem uma veneração muito especial. Qualquer definição de uma Igreja, isoladamente, não atinge a outra e vale, apenas, para cada jurisdição individualmente. Um exemplo é o dogma da Conceição Imaculada, bem recente (séc. XIX) que é uma devoção exclusiva da Igreja Latina, não atingindo as Orientais.

7. Ambas as Igrejas professam uma santidade progressiva após a morte, conforme consta, aliás, do cânon das Igrejas Orientais Antigas. Na Igreja Latina, essa santidade é adquirida em locais chamados, para entendimento de seus fies, de Purgatório ou similar.

8. As duas Igrejas admitem o Juízo Final como regra de fé. Todavia, ambas canonizam santos, isto é, declaram que um fiel que guardou a fé já está salvo e vive na presença do Pai, podendo interceder por nós. Isso pressupõe, quando nada, um juízo particular, ainda que realizado pela autoridade de cada Igreja.

9. As duas Igrejas admitem o sacramento da Santa Unção como utilizável por todos os fiéis, em caso de doenças. Na Igreja Latina, é chamado de Unção dos Enfermos; e nas Igrejas Ortodoxas, Unção de Cura. A antiga designação de extrema-unção está prescrita.

10. Padres e Bispos são ministros do sacramento da Crisma, quer na Igreja Ortodoxa, quer na Igreja Católica Romana. Nesta última, o bispo tanto pode reservar a si essa prerrogativa, quanto pode deixa-la a cargo também dos padres, de acordo com a necessidade.

11. No Matrimônio, exige-se o SIM dos noivos para a validade do sacramento, sempre diante de um celebrante. Numa igreja , ele é chamado de oficiante; noutra, de testemunha, sendo, contudo, indispensável sua participação em ambas.

12. Em casos excepcionais ou por graves razões, a Igreja Ortodoxa admite o divórcio. Na Igreja Latina pode-se declarar a nulidade do matrimônio, variando, apenas, a burocracia dos processos.

13. Ambas as Igrejas admitem imagens sagradas em seus cultos, diferindo quanto à apresentação, que, nas Igrejas Ortodoxas é plana (estampas) e na Igreja Latina, pode ser também em terceira dimensão (estátuas). Os chamados ícones são venerados em ambas as Igrejas.

14. As Duas Igrejas impõem o celibato a seu clero. Na Igreja Ortodoxa, essa exigência é reservada aos bispos, estes escolhidos entre os monges, sempre solteiros. Na Igreja Latina, atinge também os padres. Nas duas, os diáconos podem ser casados.

15. As duas Igrejas aceitam e praticam o batismo por imersão. Na Igreja Latina, contudo, pode ser realizado também por aspersão, a critério do celebrante ou da necessidade.

16. O pão de trigo é usado, invariavelmente, nas duas Igrejas para a celebração da Eucaristia. A tradição Ortodoxa fermenta o pão. A Igreja Latina permite (mas não obriga) o pão ázimo , ou seja, sem fermento.

17. Ambas as Igrejas estabeleceram calendários próprios para a celebração de suas festas litúrgicas. Um Sínodo Pan-ortodoxo realizado em 1952 unificou a data do Natal para 25 de dezembro, não obrigando algumas Igrejas de rito eslavo. A data da Páscoa ainda não foi unificada, coincidindo, entretanto, a data da Paixão sempre numa sexta-feira.

18. Nas duas Igrejas admite-se a comunhão sob as duas espécies para os fiéis. No caso das multidões, a Igreja Latina autoriza a comunhão sob uma espécie, costume que se arraigou e hoje pode ser realizado tanto com relação ao pão, quanto ao vinho, indistintamente, a critério do celebrante.

19. As duas Igrejas mantém devoções próprias e especiais, derivadas de suas tradições, seus milagres e seus santos. De lado a lado, há devoções variadas: no Ocidente, há, por exemplo, o Coração de Jesus e títulos diversos da Virgem Maria, além de outros santos e festas. No Oriente, igualmente, há a Dormição da Virgem, Nossa Senhora do Cinto e outros títulos evangélicos marianos, além de seus santos próprios.

20. As duas Igrejas admitem o uso do rosário. Entre os latinos, é uma devoção Mariana. No Oriente, é dirigido à Trindade, uma espécie de refrão meditativo, igualmente repetitivo. É conhecido o chamado terço bizantino.

21. Ambas as Igrejas canonizam seus santos. Os latinos deixam esse cuidado às hierarquias, a partir da manifestação popular , como no recente caso do Papa João Paulo II). No Oriente, a participação popular é mais intensa, concluindo-se, igualmente, pela hierarquia.

22. As duas Igrejas conferem aos clérigos as chamadas Ordens Menores. Na Igreja Latina, elas são o Leitorato, o Acolitato, o Exorcitato e o Ostiriato. Na Igreja do Oriente coincidem o Leitorato e o Acolitato. O Exorcitato e o Ostiriato são absorvidos pelo Sub-diaconato. O Diaconato é Ordem maior para as duas.

23. Ambas as Igrejas exigem formas especiais para o ministério dos Sacramentos. Na Igreja Oriental, o ministro usa a expressão “Recebamos de Deus”, etc... Na Igreja Latina o ministro diz “Eu, por Sua autoridade” (de Deus), etc... Mas todas agem em NOME do Pai, do Filho e do Espírito Santo e nunca em seu próprio nome.

24. O Poder Temporal é próprio das tradições das duas Igrejas, uma e outra podendo ser religião oficial em qualquer país e influir em decisões políticas, quer no Ocidente, quer no Oriente.

25. Em ambas as Igrejas o batismo é dado também às crianças e é considerado como porta de entrada para a iniciação cristã, permitindo-se aos batizados, a recepção dos demais sacramentos. No caso específico das crianças, a Igreja Latina espera, primeiro, que elas atinjam a idade da razão para, então, administrar os outros sacramentos.

26. As duas Igrejas se originaram do Primado Petrino, estendido aos apóstolos de Jesus e a seus sucessores, com a promessa de que “as portas do inferno não prevalecerão” sobre elas, além da assistência diária “até à consumação dos séculos”. Essa assistência garante a todas que NENHUM ERRO fundamental poderá ocorrer numa ou noutra Igreja. De outro modo, teria falhado miseravelmente a promessa de Jesus. E, como diz Paulo, “Nós sabemos em quem temos crido”.

27. Por fim, os diálogos inter-religiosos de aproximação entre Oriente e
Ocidente projetam, para brevemente, a realização da oração sacerdotal de Jesus, “para que todos sejam Um”, já com alguns resultados animadores.

28. A mão de Deus vem cosendo, amorosa e pacientemente, durante os séculos, o lamentável rasgão que seus filhos, por intolerância ou soberba, produziram em Seu Santo Corpo Místico. Cumpre-nos ajudá-Lo, nessa costura, fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance.

29. E, se aos renitentes míopes tudo parece em desordem, é bom lembrar que nada se assemelha mais com uma casa desarrumada, do que uma casa EM ARRUMAÇÃO.

Referências Bibliográficas: ALVARES, Mons. Eneas. Semelhanças entre as veneráveis Igrejas Orientais Ortodoxas e a Igreja Católica Romana. Recife, PE, 2008.

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