Igreja Sirian Ortodoxa no Brasil: Uma Igreja Missionária

11/05/2011 20:54

Igreja Sirian Ortodoxa no Brasil: Uma Igreja Missionária

Dom Leolino G. Neto (à esquerda), Dom Crisóstomo Moussa (centro) e Dom José Faustino (à direita)

SYRIAN ORTHODOX CHURCH IN

BRAZIL: A Missionary Church

الكنيسة السريانية الأرثوذكسية في البرازيل

كنيسة تبشيرية

Autor: Pe. Celso Kallarrari

Doutor em Ciências da Religião

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Dom José Faustino Filho (2001), havia – até o ano de 1982, na América Latina, de modo especial, no Brasil e na Argentina, sob a denominação de Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia e sem nenhuma vinculação orgânica -, um resíduo de oito comunidades sírias ortodoxas de origem oriental. Essas Igrejas eram denominadas Igrejas de colônia ou tradicionais, pois são destinadas, preferencialmente, aos sírios ortodoxos e seus descendentes com o objetivo de preservação e conservação de suas tradições.

A Igreja Sirian Ortodoxa está presente no Brasil desde 1950 com a presença dos imigrantes das primeiras colônias sírias e suas primeiras comunidades religiosas. Esse ramo tradicional das Igrejas de imigração fora estabelecido com a construção da primeira Igreja de São João Batista, em São Paulo, em 1951. Mais tarde, em 1959, inaugurou-se a Igreja de São Pedro, em Belo Horizonte. No anos de 1962, foi lançada a pedra fundamental da Catedral de São Jorge, em Campo Grande – MS. No ano de 1981, inaugurou-se a última Igreja tradicional com o nome de Igreja Ortodoxa de Santa Maria. E, em 1983, com a criação da Igreja Missionária (ICOSB), a ortodoxia siriana se estendeu aos brasileiros.

Em 1983, o arcebispo Dom Moussa Matamos Salama, inicia, no Brasil, uma missão evangelizadora aos brasileiros, abrindo as portas da Igreja Sirian Ortodoxa para todos os interessados, sem qualquer discriminação. Alguns padres que ingressaram na Igreja Sirian Ortodoxa vieram da Igreja Romana, outros vieram de comunidades evangélicas, sendo, posteriormente, ordenados pelo, então, arcebispo Dom Crisóstomos Moussa Matamos Salama. Deus abençoou esta obra missionária no Brasil, pois, em 1983, foi, oficialmente, registrada e autorizada pelo patriarca S.S. Ignatius Zakka I, através da Bula Patriarcal 128/1983 e, consequentemente, pelas demais Bulas 245/1988 e 246/1988. Na verdade, a missão siriana evangelizadora no Brasil teve forte influência da experiência vivida por Dom Moussa no campo missionário da Índia, pois lá ele desenvolveu um excelente trabalho missionário.

2. UMA IGREJA MISSIONÁRIA

A retomada do espírito antioquino missionário, quase esquecido pela Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil, mas contrariada por algumas pessoas com ideais chauvinistas e pertencentes à Igreja Tradicional (isto é, de colônia), levou o Patriarca, numa decisão sinodal, a separar a arquidiocese no Brasil, em dois ramos: um tradicionalista, sob a administração direta do patriarca, e o outro missionário, sob a administração episcopal de Dom Crisóstomos Moussa Matamos Salama. Dessa forma, a Igreja Sirian Ortodoxa no Brasil, conhecida, naquele contexto, como Igreja Católica Ortodoxa do Brasil, por conta de sua índole missionária e estar aberta à evangelização de brasileiros, foi, então, intitulada pelo nome de Igreja de Missão e, consequentemente, Missionária.

Por conta da perspectiva missionária da Sé Antioquina e pelo fato da Igreja Missionária no Brasil ter, inicialmente, recebido alguns padres e fiéis da Igreja Romana e, principalmente, por conta da inculturação, alguns padres da Igreja (Missionária) Sirian de Antioquia acabaram (em algumas comunidades) permitindo, naquele contexto, uso de imagens de santos tridimensionais (diferente dos ícones dimensional usados tradicionalmente pelas Igrejas Ortodoxas), vestimentas (estolas) católicas romanas (por conta da não produção desses materiais no Brasil) e, em alguns casos, até o uso da hóstia para a consagração do corpo de Cristo.  Essa situação desenvolveu-se, principalmente porque, após o falecimento de Dom Crisóstomos Moussa Salama, em 1996, a Igreja ficou, por muito tempo, sem nenhuma delegacia patriarcal.

Nesse mesmo ano, por conta da morte de Dom Crisóstomos, Dom Gregórios Yohanna Ibrahim veio ao Brasil primeiramente para participar do Congresso Mundial das Missões Evangélicas e, num segundo momento, para reunir-se, em São Paulo,

por diversas vezes com os membros da Igreja Tradicional no Brasil e promoveu uma reunião especial com a Igreja Missionária iniciada por S. Emcia Rev. Mar Crisóstomos Moussa Salama, de saudosa memória, no Brasil” (SURYOYE, 1996, p. 2).

De acordo com o Jornal Suryoye (1996), Dom Gregórios Yohanna Ibrahim, na qualidade de emissário patriarcal reuniu-se com os 09 (nove) representantes da Igreja Missionária com a presença do cura-epíscopo Mons. Antonio Nakkoud e de mais cinco testemunhas da Comunidade Sirian Ortodoxa de São Paulo. Naquela oportunidade, S. Eminência dirigiu-se aos nove (09) sacerdotes que representavam a Igreja Missionária, solicitando-lhes a observância de quatro (04) pontos fundamentais na organização da Igreja Missionária relacionados ao nome da Igreja; às validações das ordenações sacerdotais emanadas do falecido arcebispo Mar Crisóstomos Moussa Salama e o uso correto das vestimentas, paramentos, ritos e liturgias da Igreja; regulamentação das paróquias brasileiras e sua vinculação patriarcal; e, por último, ao relacionamento das Igrejas Tradicionais (imigrantes) e as Igrejas Missionárias (SURYOYE, 1996, p. 3).

Em 1998, depois de dois anos, Suas Eminências Reverendíssimas Dom Kirilos (Cirílo) Afram Karim, arcebispo do Leste dos Estados Unidos da América do Norte e Mar Severius Malke Murad, arcebispo de Jerusalém, estiveram no Brasil, designados pelo Santo Sínodo para acompanhar as resoluções anteriores acerca da Igreja Missionária.  Reuniram-se, durante dois dias consecutivos com os 02 bispos e 14 dos 32 padres da Igreja de missão, elaborando um relatório a S.S. Patriarca de Antioquia e de todo o Oriente. Em entrevista ao Jornal Suryoye, Dom Kirilos fez menção ao serviço missionário no Brasil, dizendo que

Com a imigração, a Igreja encontrou esperança e agora pode voltar-se ao serviço missionário novamente. Mas devemos planejar o serviço missionário e deve acontecer naturalmente com o suporte das Igrejas Tradicionais. Nos últimos anos tivemos vários exemplos de agregações precipitadas e que não tiveram continuidade. Nesta nossa visita a estas igrejas ditas agregadas no Brasil, em verdade ainda estamos estudando a situação de fato e posteriormente apresentaremos um parecer ao nosso Santo Sínodo (SURYOYE, 1998, ano III, n. 18).

Nesse ínterim, de tempos em tempos, sempre mantivemos contato com S. S. Ignátius Zakka I através de algum delegado patriarcal designado por ele. Recebemos várias delegações com o intuito de reunir as comunidades missionárias e buscar um diálogo mais profundo, em prol da unidade. Algumas dessas delegações procederam, diretamente da Síria, outras, vieram dos Estados Unidos, mas, infelizmente nosso diálogo não se concretizavam, de fato, porque nossa Igreja Missionária no Brasil não tinha condições de manter qualquer delegado no Brasil, pois, desde o início, ela era formada de pequenas comunidades (paróquias) distribuídas em vários estados brasileiro. Afinal, ainda hoje, a maioria dos nossos padres nem sequer pode ser mantido pelas suas comunidades, conforme explica Dom José Faustino Filho:

Esta obra liderada por Mar Crisótomos é do Espírito Santo”, foi a solene declaração do Patriarca, repetida no Sínodo de 1983, em três Bulas Patriarcais. Fora de qualquer auxílio externo, sem recursos financeiros e com concorrência desigual, “a semente cresce, sem que se saiba como” (Mc. 4.27). Em 27 anos de trabalho árduo, a presença da Igreja estruturada por Mar Crisóstomos está consolidada em 16 Estados brasileiros. (FILHO, 2001).

Depois de vários anos, após o falecimento de nosso arcebispo Mar Crisóstomo Moussa Salama, sempre nos mantemos, desde o início, submissos à Santa Sé Apostólica Antioquina, apesar de haver algumas pendências quanto às questões de paramentos litúrgicos e, principalmente, da vacância de um delegado patriarcal que pudesse, à luz da nossa cultura, direcionar os nossos trabalhos.

Nossa Igreja de evangelização no Brasil é uma Igreja periférica, presente, atualmente, em 17 estados brasileiros é marcada, fortemente, pela diversidade cultural brasileira. Lembramos-lhe que cada estado brasileiro corresponde (em termos de proporção territorial) a alguns países da Europa. Imagine, pois, a imensidão de culturas regionais marcadas também pelos mais diversos povos (portugueses, holandeses, italianos, alemães, e orientais sírio-libaneses, etc.) que aqui desembarcaram há décadas e centenas de anos, por vários contextos históricos.

Por outro lado, percebe-se que, no Brasil, a evangelização, iniciada por Dom Crisóstomos Moussa Salama, é, conforme Bula Patriarcal 128/83, “obra do Espírito Santo, reafirmando, assim, a continuidade da missão da Igreja de Antioquia e da visão antioquino-siriana, nas regiões do Brasil”. Por essa razão e, apesar das inúmeras dificuldades encontradas por nós, nesses longos anos, a exemplo das dificuldades de estabelecer uma comunicação direta com a Santa Sé Apostólica de Antioquia e da compreensão do idioma árabe, nunca deixamos de nos auto-denominar cristãos membros da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia e de rezarmos, em todas as nossas celebrações, a liturgia siriana, pela Santa Igreja e seu Patriarcado. Dom José Faustino Filho, em correspondência à S. S. Ignátius Zakka I, assim se expressa:

Cremos que a Vossa decisão de conferir ao Monsenhor Antônio Nakkoud, o título de Delegado Patriarcal também para a “Igreja Missionária” no Brasil vai nos ajudar, imensamente, para estreitar, cada vez mais, nossos laços filiais com a Igreja-Mãe. Achamos, pois, que a sábia decisão de Vossa Santidade, na escolha do Monsenhor Antônio Nakkoud como Delegado Patriarcal, foi, certamente, uma abertura maior para conhecer os nossos trabalhos in loco, uma vez que, desde os anos 50, o referido Monsenhor conhece nossa língua e, principalmente, nossa cultura e costumes. Este fato, sem dúvidas, possibilitará um melhor entendimento a ambos os lados (FILHO, 2009).

Diante de inúmeras dificuldades, sempre mantivemos nossa postura de submissão e defesa da fé ortodoxa, conforme se observa, evidentemente, em nossos estatutos. A nossa liturgia, celebrada nas Santas Missas, é um árduo trabalho de tradução do nosso memorável Dom Crisóstomos Moussa Salama e em nada contradiz os princípios sírio-ortodoxos, nem, contudo, cria algo novo, mas busca devolver à Santa Igreja, a partir da inculturação, seus horizontes internacionais. Consciente de seu papel histórico, Dom Crisóstomos sempre lutou contra certa incompreensão de várias frentes: internas e externas. Tendo a missão de “defesa do Evangelho” e com sincera colaboração dos irmãos no Sacerdócio e no Episcopado, procurou implantá-lo, reavivá-lo e defendê-lo.

Entre os dias 14 a 20 de maio de 2009, durante nossa visita ao patriarcado Siríaco Ortodoxo de Antioquia, em Damasco (Síria), houve, oficialmente, o reconhecimento da nossa Igreja Missionária do Brasil. O sonho do nosso fundador de uma Igreja Missionária no Brasil voltada aos brasileiros torna-se realidade.  2009, durante nossa visita histórica ao patriarcado Siríaco Ortodoxo de Antioquia, em Damasco. Esse sonho só se tornou realidade porque Dom Leolino Gomes Neto (Arcebispo Primaz no Brasil) e Dom José Faustino Filho (Bispo Auxiliar) lutaram incansavelmente contra todos aqueles que, interna e externamente, quiseram apagar da história e da memória da Igreja Sirian Ortodoxa, a obra evangelizadora missionária siríaca entre os brasileiros.

Reiteramos que nossa Igreja no Brasil é uma Igreja simples, humilde e periférica. Contudo, Deus, para salvar o gênero humano, apoiou-se sempre em minorias fracas; outrora nos doze filhos de Jacó e mais tarde nos doze galileus. Ao invés de servir-se dos grandes impérios da Caldéia ou do Egito, buscou um pequeno povo, comprimido no meio de nações pagãs. Segundo Dom José Faustino,

Muitas vezes, procuramos a quantidade por causa da nossa obsessão pelo número, mas Deus olha para a qualidade. Enfim, na realização de seus maiores desígnios, Deus utiliza-se sempre de alguns instrumentos fracos. Todavia, se estes obedecem docilmente à sua vontade, com eles transformará o mundo, pois de acordo com a palavra, “chegando ali, reuniram a Igreja e relataram tudo o que Deus tinha feito por meio deles e como abrira a porta da fé aos gentios [aos brasileiros]. E ficaram muito tempo com os discípulos (At 14, 28) (FILHO, 2009).

Não podemos, pois, conceber, nos dias atuais, uma Teologia alheia às influências da modernidade ou da pós-modernidade. Nossa experiência mostra-nos que, partimos de uma Teologia Prática, a partir da periferia, cujas análises, juízos e prognósticos variam extremamente. Nossa Teologia é fatalmente humana, cultural e histórica e, sobretudo, transcendente. Nesse sentido, a tradição inaciana tem muito nos ajudado oferecendo enormes contribuições em nosso discernimento na história, na sociedade, na política e nos assuntos ecumênicos para além do nível puramente individual, discernindo na modernidade as coisas negativas que devem ser exorcizadas. É nesse contexto que procuramos nos situar diante das dificuldades financeiras e pastorais no anúncio do evangelho. O nosso patriarca, modelo de Pai e dinamismo, diplomacia e espírito ecumênico têm, em nossas lutas, tem nos ajudado a seguir os passos de nosso Senhor Jesus Cristo rumo à santidade.

3. IGREJA SIRIAN ORTODOXA NO BRASIL

A Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia – Missionária do Brasil (caracterizada pelo uso exclusivo do Credo Niceno-Constantinopolitano, em sua forma original e administrada pelo Colégio Episcopal – órgão executivo da Conferência Ortodoxa Nacional – CON) é uma unidade eclesial de forma patriarcal e sistema episcopal em submissão e comunhão ao Patriarca Sírio-Ortodoxo Sua Santidade Ignátius Zakka I, Iwas. A Igreja Sirian Ortodoxa no Brasil é representada, conforme Bula Patriarcal n. 300/2009, pelos respectivos bispos: Dom Leolino Gomes Neto e Dom José Faustino Filho.

Em maio de 2009, uma delegação da Igreja Missionária do Brasil composta por 18 pessoas, liderada pelo Mons. Antônio Nakkoud, delegado patriarcal e acompanhada pelas Eminências Dom Leolino Gomes Neto e Dom José Faustino Filho, esteve reunido com o Patriarca, Sua Santidade Ignátius Zakka I, em Damasco, Síria. Neste encontro, de acordo com as palavras de Sua Santidade,

tratamos a expansão da Igreja Missionária no Brasil, desde o ano de sua fundação (1983) até o presente momento, seu zelo pelas tradições da nossa Igreja Sirian Ortodoxa, sua fidelidade canônica a nossa Cátedra Petrina e seu amor a nossa língua oficial da Igreja, o Aramaico” (BULA PATRIARCAL n. 300, 2009).

Em relação à legitimidade da Igreja Missionária, assim se expressa:

Declaramos pela nossa autoridade Apostólica, na qualidade de Patriarca de Antioquia, todo Oriente, supremo chefe da Igreja Sirian Ortodoxa e Pai de todos os siríacos Ortodoxos no mundo, a legitimidade da nossa Igreja Missionária no Brasil, aprovamos a sua caminhada de fé, e nomeamos os nossos bispos Dom Leolino Gomes Neto e Dom José Faustino Filho para pastorear, e administrar a nossa Igreja Missionária Sirian Ortodoxa no Brasil, com o apoio e ajuda do nosso Legado Apostólico o Mons. Antônio Nakkoud (BULA PATRIARCAL n. 300, 2009).

Mais recentemente, na Bula Patriarcal n. EE 430/2010, dirigida a toda clero brasileiro e, na Bula Patriarcal n. EE 428/2010, dirigida ao CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs), Sua Santidade Ignátius Zakka I, informa, a fim de evitar ambiguidades e possíveis desentendimentos, a retirada do termo “Missionária” da Igreja no Brasil. Assim se expressa Sua Santidade, o patriarca Ignátius Zakka I, na seguinte Bula:

Amados filhos espirituais: bispos, sacerdotes e membros da nossa Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil [...] Apraz-me informá-los que retiramos o título “Missionária” da nossa Igreja no Brasil, cujo novo nome será o mesmo adotado por nós, ou melhor, “Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia”. Esta nossa Igreja no Brasil está ligada à autoridade da nossa Sé Apostólica e ao nosso Patriarcado Sírio-Ortodoxo de Antioquia, com sede em Damasco – Síria (BULA PATRIARCAL n. EE 430/2010).

Entretanto, apesar do termo “Missionária” não fazer mais parte do nome oficial da Igreja no Brasil, não podemos ignorar sua origem e sua vocação missionária. Aliás, como já enfatizamos nesse artigo, a Igreja de Antioquia da Síria, de acordo com o livro dos Atos dos Apóstolos (11, 26-) é considerada a maior Igreja “missionária” e “gentílica” porque deu início às primeiras obras missionárias, enviando Paulo e Barnabé como missionários aos mais distantes países na época.

4. EM TERMOS CONCLUSIVOS

A Igreja Sirian Ortodoxa no Brasil é, por sua natureza e origem, uma Igreja Missionária e Tradicional. Entretanto, por conta de um Brasil de formação social, cultural e cristã e, especificamente, pelo seu caráter ecumênico, a Igreja Missionária tem maior destaque porque “O Brasil e os brasileiros têm uma vocação histórica e uma missão singular, inerentes no nome de Santa Cruz, que os grandes fundadores deram a esta Terra” (SALAMA,1993). Desde sua chegada ao Brasil e mais propriamente após assumir nossa cultura, Dom Moussa demonstrava ser um homem visionário e já vislumbrava uma Igreja Missionária que precisa

reassumir os seus sagrados compromissos ecumênicos e [reviver] os grandes ideais de seus primeiros missionários Pedro e Paulo e demais apóstolos, “para a obra que foi lhe destinada” (At 13, 2). Ela tem tudo para satisfazer a religiosidade brasileira. Ela tem todas as vantagens de todas as demais Igrejas e nenhuma das desvantagens ou dos desvios das demais Igrejas (SALAMA, 1993).

De fato, a história da Igreja Sirian Ortodoxa no Brasil, desde o início dos anos 80, tem se destacado por sua vertente missionária, abrangendo, dessa forma, os diversos brasis. A Igreja Sirian Ortodoxa no Brasil, desde seus primórdios, sempre sinalizou para sua missão evangelizadora, isto é, levar a mensagem de Cristo às diversas realidades brasileiras através da nossa liturgia, da palavra de Deus e, principalmente, do nosso testemunho de fé na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica porque ser missionário é, antes de tudo, ser vocacionado.

Muitas vezes, deparamo-nos com líderes que se dizem missionários, mas não são vocacionados e a missão acaba sendo comprometida. Dessa forma,

A finalidade da Missão é tornar conhecido o Evangelho de Cristo, o Evangelho da vida, da verdade e da salvação, em todo o mundo, a fim de que todos cheguem ao conhecimento da verdade que é Cristo Salvador. [...] Cabe, portanto, à Igreja viver a sua missão com ardor, paixão e entusiasmo, porque sua missão é a própria missão de Deus (NAKKOUD, 2010, p. 69)

porque Ele nos quer unidos e não divididos (I Cor 1, 13). Infelizmente, como dizia nosso saudoso fundador, Dom Moussa M. Salama, “Muitos ministros cristãos estão disputando os mesmos lugares, brigando entre si e desonrando o nome de Deus, enquanto muitos centros e campos missionários vastíssimos carecem de obreiros” (SALAMA, 1993). De acordo com Dom Moussa,

(…) a autenticidade da Igreja se mede pelo seu grau de fidelidade a seu fundador. Nunca pelos ditos valores de cunho cultural, filosófico ou político. Eis a Igreja Católica. A autenticidade da Igreja Católica é dimensionada pelo grau de sua fidelidade ao Credo Niceno, como resumo do Evangelho. Portanto, qualquer Igreja, não importa o seu tamanho ou origem, que adultera, acrescenta, diminui ou inventa qualquer dogma fora do Credo Niceno, ou cria-lhe paralelos, condena-se e assina a sua abdicação do catolicismo ortodoxo.

5. REFERÊNCIAS:

ATO DO RECONHECIMENTO MÚTUO DA ADMINISTRAÇÃO DO SACRAMENTO DO BATISMO ENTRE IGREJAS-MEMBRO DO CONIC. Boletim do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil. Ano 23, n. 42, dezembro de 2007.

BULA PATRIARCAL n. 300, 2009. Disponível em <https://www.igrejasirianortodoxa.com.br>. Acesso em 15 de outubro de 2010.

BULA PATRIARCAL n. 428, 2010. Disponível em <https://feortodoxa.blog.terra.com.br>. Acesso em 15 de outubro de 2010.

BULA PATRIARCAL n. 429, 2010. Disponível em <https://feortodoxa.blog.terra.com.br>. Acesso em 15 de outubro de 2010.

CONIC. Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil. Campanha da Fraternidade Ecumênica 2010: Texto-Base. Brasília, Edições CNBB, 2009.

CONIC. Comissão Teológica do CONIC se reúne em Brasília. Disponível em: <https://www.conic.org.br/index.php?system=news&news_id=1445&action=read> Acesso em dezembro de 2010.

DAPNE – DIRETÓRIO PARA A APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS E NORMAS SOBRE O ECUMENISMO. São Paulo: Paulinas, 2000.

FILHO, José Faustino. Coletânea de Textos Teológicos sobre a Igreja Cristã Ortodoxa. Tomo I. Goiânia: Gráfica Venâncio & Andrade, 2001.

_________________. Discurso de Dom José Faustino Filho a Sua Santidade, o Patriarca Ignatius Zakka I Iwas. Maio/2009. Disponível em: <https://www.feortodoxa.terra.com.br>. Acesso em 02 de maio 2009.

KALLARRARI, Celso. Ortodoxos e Católicos: “Unidade sem Autoridade!”. Disponível em: <https://padrecelsokallarrari.blogspot.com/2011/01/ortodoxos-e-catolicos-unidade-sem.html>. Acesso em 30 de janeiro de 2011.

KALLARRARI, Celso. Ações das Igrejas Ortodoxas e Igreja Católica Romana. In. Jornal Regional. Ponta Porã, MS, 25 de jan/2010, p. 9.

KALLARRARI, Celso. O Movimento Ecumênico na Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia. No prelo, 2009.

SALAMA, Crisóstomos Moussa Matanos. Identidade Eclesial. In. Jornal o Estado Mato Grosso do Sul. Dez/1993.

NAKKOUD, Mons. Antonio. Visita Histórica à Sede Patriarcal. Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia. Campo Grande, MS: Editora Alvorada, 2010.

SURYOYE (Jornal). Visita de S. Emcia Ver. Mar Gregorios Yohanon Ibrahim ao Brasil. Ano II, n. 6, dezembro de 1996, p. 2-4.

SURYOYE (Jornal). Comunidade Sirian Ortodoxa Hospeda Missão do Santo Sínodo em São Paulo. Ano III, n. 18, nov/dez de 1998, p. 8-12.

S. S., o patriarca recebe delegação da Igreja Sírian Ortodoxa de Evangelização no Brasil. Disponível em.: <https://www.syrian-orthodox.com/news.php?id=&st=260>. Acesso em 02 de janeiro de 2011.

CNBB. Igreja no Brasil: Assembléia realiza Celebração Ecumênica com representantes das igrejas cristãs. In.: Notícias. Boletim semanal da CNBB. Disponível em: https://www.cnbb.org.br/documento_geral/Boletim-1208.pdf. Acesso em: 5 de junho de 2008.

Com aprovação eclesiástica de:

Dom José Faustino Filho (Bispo Auxiliar do Brasil)

Mons. Antonio Nakkoud (Delegado Patriarcal do Brasil)

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